Volta às aulas terá muitos desafios
Bruno, Janaina, Gustavo e Tatiana
Promovido pela organização não governamental Parceiros Voluntários, o webinar Educação dos Sonhos ¿? Educação Possível, realizado no dia 26 de maio, contou com a participação do Instituto Jama e debateu os principais desafios do retorno às atividades escolares pós-pandemia. Os participantes do encontro concordaram que as principais questões a serem enfrentadas são a redução da desigualdade entre os alunos, acentuadas pelo uso da tecnologia que se tornou mais evidente durante este período de ensino a distância; a escolha de conteúdos para completar um ano letivo atípico; o aporte aos professores, que voltam emocionalmente esgotados pelo esforço de continuar ensinando sob condições adversas; e a busca de engajamento, uma vez que os estudantes também retornam desfocados e defasados.
A discussão foi mediada por Bruno Bittencourt, professor da Escola de Gestão e Negócios e coordenador do curso de Administração/Gestão para Inovação e Liderança da Unisinos. Contou com a participação de Gustavo Severo Borba, diretor do Instituto para Inovação em Educação da Unisinos; Janaina Audino, doutora em educação pela Unisinos e consultora executiva do Instituto Jama; e Tatiana Klix, diretora do portal Porvir e confundadora do Quero Na Escola.
Tatiana Klix abriu o debate destacando exatamente as vantagens e as desvantagens da educação remota, que tende a permanecer depois da pandemia. Ela lembrou, no entanto, que esse tipo de recurso acentua as desigualdades e aumenta a pressão sobre os professores que não se sentem preparados para utilizá-lo plenamente. Previu uma provável elevação da evasão escolar e lembrou que os docentes necessitarão de muito apoio e do envolvimento da comunidade escolar na busca de soluções para as dificuldades.
Janaina Audino deu continuidade ao tema apresentando uma pesquisa feita pelo Instituto Península, que ouviu 2,4 mil docentes de Educação Básica para saber como estão se organizando e quais suas preocupações para o retorno às aulas. O levantamento indica que 88% dos professores consultados nunca deram aula virtual antes da atual quarentena e 83% se reconhecem despreparados para o ensino virtual. Em compensação, todos se sentem desafiados a enfrentar o novo ambiente tecnológico.
Esta foi também a abordagem de Gustavo Borba, que acrescentou o desafio de ampliar as competências humanas no uso da tecnologia.
- Não existe algoritmo para a criatividade – afirmou, lembrando que os estudantes valorizam muito mais um professor que os inspire do que propriamente um ambiente sofisticado e tecnológico. Na sua visão, o desejável é que a escola se transforme num grande laboratório e o aluno aprenda a aprender, tornando-se cada vez mais autônomo.