Entrevista com Amilton Martins
Professor Amilton Martins
Entrevista com Amilton Martins
Criador e Head de Educação da Enter - Escola para as carreiras do futuro. Professor e Pesquisador em Pensamento Computacional na Educação por meio da Aprendizagem Ativa. Cientista da Computação, Pós-Doutor em Educação pela Universidade de Lisboa.
Qual o caminho da educação num mundo cada vez mais digital?
A.M: A educação tem um papel fundamental ao preparar as pessoas para se tornarem cidadãos neste mundo que está chegando. As mudanças que são de todas as ordens, sociais, comportamentais, econômicas e educacionais, não vão parar. Por isso cabe à educação formal o papel de colocar as pessoas num espaço de protagonismo da sua história, da sua vida e da sua profissão dentro desta nova realidade. O professor deve atuar como mediador, facilitador e problematizador dentro de uma lógica de abundância da informação e das possibilidades em que a má e a boa informação circulam rapidamente. As fake news nos desafiam diariamente e precisamos, como professores, preparar os estudantes para se posicionarem frente à velocidade e desenvolver suas habilidades para atuar em carreiras profissionais que virão daqui para frente.
Como ser um professor (in)fluente digital?
A.M: Fluência digital é diferente de ser influente digital. Usamos este trocadilho no curso de formação dos professores justamente para enfatizar que: é preciso saber usar a tecnologia de forma inteligente, eficiente e consciente para se comunicar melhor e ser mais produtivo, sempre pensando no seu impacto.
Ser influente digital significa, no atual cenário, uma pessoa que forma opinião e portanto, influencia outras pessoas.
E quem melhor do que o professor para exercer a (in)fluência digital? Uma educação que transforma pelo exemplo. Porque fluência digital não é apenas entretenimento. A educação também pode gerar engajamento e ser divertida assim como os games, as séries e as redes sociais. Existem métodos e metodologias ativas que auxiliam a criar essa dinâmica em sala de aula a partir da utilização das tecnologias. O professor da educação formal pode e deve usar essas ferramentas no seu dia a dia para conseguir gerar maior interesse.
Ao mesmo tempo em que deve ter a responsabilidade em ponderar que a tecnologia é neutra, a priori, e o seu bom uso é determinante.
Por essas razões, o professor precisa estar pronto para atuar como articulador, e não mais centralizador, na sociedade do conhecimento, conquistando tanto a fluência digital ao utilizar as tecnologias disponíveis com consciência quanto exercendo seu papel de (in)fluencer junto aos seus alunos. Nesta combinação de papéis, o professor fica mais próximo à linguagem do aluno e do mundo, portanto, acaba exercendo uma (in)fluência mais relevante na vida dos estudantes.